Este meu texto foi publicado no site www.rh.com.br É um site muito interessante de recursos humanos, com artigos tanto para os profissionais de rh, como para líderes, liderados e empreendedores.
Ânimo
A palavra ânimo em latim quer dizer "vida", "coragem" ou "alma". Alguns anos atrás em uma sessão de psicanálise, ao dizer que estava desanimada, minha psicanalista ao verter o significado da palavra desânimo para o latim, provocou em mim dos melhores insights que já tive em um divã. De repente, uma janela na mente abriu-se e eu entendi que minha alma estava sem vida, recolhida e em pânico. E através desta revelação, reagi buscando minha natureza desafiadora, esperançosa e trouxe vida para meu dia-a-dia.
Em todos os meus relacionamentos pessoais e profissionais, encontro pessoas que ainda não entenderam como só o conhecimento, a capacitação e a ação levam as pessoas a atingir suas metas. Há em muitos uma nostalgia, uma acomodação, uma rotina viciosa que leva ao desânimo. Parecem acreditar em uma mágica, talvez divina, que fará com que as coisas aconteçam sem que eles precisem pensar no futuro, fazer planos, traçar metas, definir prazos para que seus sonhos e desejos aconteçam. Há uma "economia" no pensar e no agir.
Tenho atuado como gestora de negócios, gestora e líder de equipes, como filha, como mãe e principalmente como orientadora da minha própria vida, e entendo como é importante encontrar metas que estejam alinhadas com valores e ter determinação e disciplina para se manter na jornada a fim de atingi-las. São nessas encruzilhadas da vida em que algumas figuras agem como coaches, ouvindo-nos com atenção e sem julgamentos, mostrando-nos as possíveis escolhas e fortalecendo nosso "ânimo", para que façamos nossa própria mudança de rota. Esses nossos orientadores podem ser nossos pais e filhos, um amigo querido, um professor preparado e amoroso, um terapeuta presente ou um companheiro íntimo até que encontremos os nossos valiosos recursos e descubramos em nós, o coach que podemos ter sido ou ser para as pessoas e principalmente para nós mesmos.
As mudanças trazidas pela era do conhecimento, pela globalização e pela comunicação on-line que derrubou barreiras e desnudou antigos conceitos estão fazendo com que o mundo corporativo saia de sua visão mecanicista e objetiva, e entenda que os indivíduos possuem necessidades, anseios e metas diferentes, mas que sofrem da mesma insegurança, possuem crenças limitantes e têm dificuldades em mudar hábitos que os tirem da zona de conforto. Um conforto que com o tempo e com a dinâmica da vida os levam a um desconforto ansioso e paralisante.
Assim, os gestores e profissionais de Recursos Humanos vêem aquele tão planejado e dispendioso treinamento provocar motivação e reflexão apenas nas primeiras semanas que se seguem a ele. Todo trabalho, pesquisa e investimento gastos em uma excelente consultoria, onde se identificam os pontos fracos e se traça um planejamento estratégico, podem tornar-se um belo manual que com o tempo cai em total desuso pelos colaboradores.
O coaching entra como uma forte tendência de reverter este quadro, quando propõe um atendimento individualizado, utilizando ferramentas simples, mas eficazes, elaboradas para descobrir quais os obstáculos que impedem as pessoas de cumprirem suas metas e que as ajudem a descobrir e celebrar a sua própria excelência e a das outras pessoas. Trata-se também de um recurso valioso para líderes e gerentes. Através do coaching eles deixam de somente supervisionar ou avaliar seus liderados e passam a orientá-los tirando o foco somente da atividade, passando a trabalhar com o indivíduo e com a meta que este se comprometeu a cumprir. Um bom orientador entende que o coaching mantém o foco no resultado da pessoa que está orientando e que sua recompensa vem com a transformação e o sucesso do outro.
Em momentos difíceis, quando sinto o desânimo roubando-me a alma e a vida, busco nas minhas lembranças, as preciosas lições de confiança e ânimo que aprendi com todos os meus orientadores.
"Existem duas maneiras de iluminar: ser a vela ou o espelho que a reflete". Edith Wharton, escritora.
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