domingo, novembro 26, 2006

DA INFÂNCIA À MATURIDADE DA CARREIRA

Compreender o momento profissional auxilia escolhas futuras
A carreira é como a vida: também se desenvolve em ciclos, evoluindo da infância à maturidade. Identificar e entender as particularidades de cada etapa permite um melhor ajuste de foco, possibilitando fazer escolhas mais seguras e objetivas.

A estrutura psíquica e as características do indivíduo são determinantes na trajetória profissional. Outros fatores, porém, influenciam diretamente o desenvolvimento da carreira, como o ambiente e os objetos “transicionais” –incluindo-se aqui as chefias, que podem impulsionar ou comprometer o ciclo evolutivo.

1º estágio – Momento de aprendizado e experimentação, a infância da carreira é pontuada pela necessidade de orientação e feedback. Nesta fase estão os estagiários e trainees, que necessitam de espaço para errar e se exercitar. Se o ambiente for estimulante, o talento de alto potencial encontra espaço para construir um crescimento sadio e diferenciado. Já quando se depara com uma direção superprotetora, que cerceia e inibe a curiosidade, o iniciante corre o risco de não se descobrir, nem ser descoberto.

2º estágio – A adolescência profissional se caracteriza como a etapa do questionamento. O indivíduo tem energia e está pronto fisicamente, mas ainda não apresenta maturidade emocional. Apesar das dúvidas e incertezas, é o momento em que o jovem executivo desenvolve o espírito crítico e realizador, compreendendo as regras do jogo do poder. Aqui também a qualidade da chefia exerce papel crucial. O saldo é positivo quando a liderança orienta e define limites, sem sufocar o talento ou levá-lo a uma atitude submissa.

3º estágio – Ao atingir a fase adulta, o profissional torna-se apto a exercer o comando e transmitir os conhecimentos acumulados ao longo dos anos. Traz na bagagem capacidade de reflexão, criatividade e visão estratégica, alicerces imprescindíveis para a construção e o fortalecimento de seu território. Menos ansioso, transita com facilidade no mundo corporativo, conquistando relações de parceria. Este estágio requer mais espaço e liberdade de ação. Se não encontra um ambiente favorável, o executivo sênior fica sujeito a problemas como depressão e melancolia, podendo mesmo “involuir” profissionalmente.

4º estágio – A terceira idade coincide com a aposentadoria, que não precisa e nem deve ser sinônimo de estagnação. Pelo contrário: é o momento de maior liberdade para o executivo, que passa a ser chefe de si mesmo. Menos pressionado por questões financeiras e pleno de sabedoria, ele tem vontade de ensinar e perpetuar o conhecimento acumulado, encontrando um espaço fértil para atuar como consultor. Alguns realizam o sonho de escrever um livro; outros se vinculam a questões comunitárias e ao Terceiro Setor, colocando a experiência administrativa a serviço de causas afinadas a suas crenças e convicções.
Check-up profissional – O ciclo da carreira nem sempre está em sintonia com a idade cronológica, e vice-versa. Anacronismos são freqüentes e, não raro, cobram um preço alto. Realizar um bom check-up profissional permite detectar necessidades básicas, defesas e patologias inerentes a cada etapa, além de ajudar a corrigir rotas e definir com maior assertividade os passos seguintes.

Mariá Giuliese é psicóloga organizacional e psicanalista especialista em orientação e análise de carreira.

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