|
|
›
|
São José do Rio Preto, 29 de Maio, 2013 - 1:40
|
Sustentando limites
|
|
|
|
|
“As
crianças começam amando os pais; depois de um tempo julgam-nos;
raramente - se
é que algum dia o fazem - perdoam-nos.”. Li esta citação
de Oscar Wilde há 20 anos no
livro do psicólogo e psiquiatra infantil
austríaco Bruno Bettlehein - “Uma vida para seu
filho”.
A princípio
fiquei incomodada com tal pensamento, mas depois, refletindo sobre minha
própria relação com meus pais desde a infância, adolescência e fase
adulta, a frase me
pareceu de uma verdade absoluta e me acompanha desde
então. Posso afirmar hoje que
perdoei meus pais ao longo dos anos que
pudemos conviver tanto através das experiências
que vivi e vivo como
mãe, quanto da oportunidade de ver meus pais agindo como avós
amorosos e
sábios com meu filho.
Como educadora e coach encontro cada vez mais
crianças, adolescentes e adultos que
sofrem ao tentar se adaptar à
dinâmica da vida, pela falta de valores e propósitos claros
e também
porque não foram limitados na realização de alguns desejos. A
interdição, ou
seja, a possibilidade de renunciar à satisfação de um
desejo exerce a função estruturante
do psiquismo, portanto, a
importância dada à imposição de limites é inegável nos dias
atuais. Além
da tão conhecida indisciplina, desrespeito, inversão de valores e o
aumento
da violência conhecidos na fase infantil e na adolescência pela
falta de definição de limites
, algumas fronteiras definidas devem ser
aplicadas também nos relacionamentos entre
adultos, seja nas relações de
amizade ou no ambiente profissional. Em todos os locais de
trabalho,
para um determinado comportamento necessário à realização de uma meta
organizacional, as pessoas podem ser divididas em três grupos.
O primeiro grupo é composto pelos que têm vontade e capacidade de
executar e de agir
de forma a contribuir positivamente para o objetivo
pretendido pela organização.
O segundo grupo é formado por aqueles que
não estão dispostos a contribuir para a desejada
meta da organização,
mesmo que tenham capacidade para fazê-lo. O terceiro grupo fica no
meio:
são os que às vezes estão dispostos e, às vezes, tem competências e
habilidade para
contribuir para o crescimento da organização. Quando não
há limites estabelecidos e as pessoas
estão autorizadas a agir da forma
que lhes convier, o grupo que não tem disponibilidade
e geralmente
ultrapassa o grupo que está disposto e capaz.
As pessoas tendem a
priorizar os possíveis benefícios pessoais de fazer o que lhes agradar,
do que focar-se nos benefícios ganhos pelo trabalho em grupo. Quando os
limites são
fixados com consequências para quem infringi-los, o grupo
com vontade e capacidade
tende a superar o grupo dos “eu e meu umbigo”, e
as pessoas que formam o terceiro
grupo tendem a querer tornar-se mais
dispostas ou mais capazes para evitar as consequências.
A organização
deve estabelecer políticas e normas para a imposição e manutenção de
limites. As políticas devem ser curtas e claras, devendo haver uma clara
consequência
definida no caso do seu não cumprimento. Caso contrário, a
eficácia das políticas como
imposição de limites estará comprometida.
As organizações que estabelecem limites e garantem seu cumprimento,
acabam por
premiar as pessoas que estão dispostas e capazes a se
esforçar para atingir os objetivos
da organização. Elas também motivam
as pessoas que estão incertas quanto a vantagens
ou desvantagens em se
disponibilizarem para um bom trabalho de equipe e a desenvolverem
novas
capacidades para alcançar as metas necessárias. Além disso, as pessoas
perceberão
mais rapidamente se seu perfil se encaixa ao exigido pela
empresa, e caso não se sintam
envolvidas e comprometidas a contribuir,
busquem organizações que tenham exigências mais adequadas à sua
capacidade e vontade.
Dar às crianças as habilidades para lidar com o
mundo à sua volta é tarefa para os pais, cuidadores,
e educadores. Isto
trará reforço para o desenvolvimento de uma autoestima elevada,
equilíbrio emocional e resiliência para o indivíduo em sua vida adulta.
ADA ASSIS E SILVA
Coach; Rio Preto
|
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário