quarta-feira, março 14, 2007

CAIXA ORGANIZADO

Caixa organizado
Jornal Bom dia - Coluna Roberto Toledo - 14/03/2007

A coach internacional Ada Maria de Assis e Silva e a jornalista Malu Rodrigues preparam a vinda de Gustavo Cerbasi, mestre em finanças e autor de best-sellers como “Casais inteligentes enriquecem Juntos”, a Rio Preto. Será dia 25, quando faz palestra na Acirp. O tema é “Como organizar sua vida financeira”.


O primeiro dinheiro em nossas vidas


Se você é pai ou mãe, provavelmente já deve ter refletido sobre a importância de educar seu filho ou filha para o bom uso do dinheiro. Quando e por onde começar? Sinceramente, comece agora mesmo, se já não o fez. Pais não deveriam esperar chegar uma determinada idade para iniciar a educação financeira de seus filhos. Deveriam começar o quanto antes, desde as primeiras atividades sociais da criança, através da vigilância em adotar atitudes – sim eles próprios, pais – condizentes com o objetivo. Afinal, somos modelo e exemplo para nossos filhos pelo menos até a adolescência.

Durante seu desenvolvimento mental, os filhos estão sempre atentos às novidades, incluindo as primeiras interações dos pais com estranhos. Quando pequenos, ainda na época em que começam a se comunicar, as crianças não entendem perfeitamente o ato de consumo. Elas simplesmente querem algo, e sabem que conseguirão o que querem com seus pais. É a fase do “EU QUERO!”. Até então, dinheiro não traz felicidade, pelo menos na percepção de seus filhos. A felicidade está essencialmente na proximidade dos pais.

Com o tempo, os filhos começam a perceber que a satisfação de suas necessidades não depende exclusivamente de seus pais, mas sim de que eles adquiram de outras pessoas o que eles precisam. É quando começam a entender o ato de comprar. Nesta fase, identificada pela grande atenção que elas dão à interação dos pais com vendedores, pais desatentos podem perder uma grande oportunidade de abrir as portas para o mundo da educação financeira. Se não deixarem claro que a compra é uma troca, nitidamente identificada pela entrega de dinheiro, as crianças entenderão que a satisfação de suas necessidades depende apenas da boa vontade de seus pais em encontrar um vendedor.

A orientação aos pais, nessa fase, é valorizar o dinheiro, fazer a criança entender que ali está sendo usada boa parte do resultado de seu trabalho. Ao fazer compras com seus filhos, os pais deveriam atentar para enfatizar o processo de compra, e não o item comprado. No momento em que o pai ou a mãe propõe “será que temos dinheiro suficiente para comprar?”, a mente da criança estará trabalhando para entender o uma lição óbvia: seu limite é o que você tem.
Os pais podem facilmente notar o início da fase em que as crianças começam a dar real importância ao ato de comprar. É a fase do “COMPRA!”, quando esta frase é incansavelmente repetida ao longo dos dias. Quando chega tal fase, deve-se atentar para não banalizar o ato de compra, alterando a rotina para adquirir algo supérfluo, por exemplo. A criança deve entender que pequenos mimos devem aguardar a hora certa para sua compra, como um final de semana. Apesar da expectativa que esta percepção gera, desenvolve-se também uma necessária disciplina para o consumo que normalmente falta para muitos adultos.

A fase seguinte é aquela em que os filhos já se sentem confortáveis em interagir sem o auxílio dos pais. Nesta etapa do desenvolvimento, os filhos sentem-se realizados quando os pais permitem que eles entreguem dinheiro ao vendedor ou que eles façam o pedido ao balconista da padaria. Para o bem da criança, estas práticas deveriam ser incentivadas desde cedo, para que não se desenvolvam bloqueios quanto ao ato de compra. Ao sentir-se independentes, os filhos percebem que já não dependem essencialmente dos pais – mas sim do dinheiro deles – para que seus sonhos se realizem. É quando elas enfaticamente começam a pedir dinheiro. Por isso, a frase que marca esta fase é “ME DÁ UM DINHEIRO?”.

Curiosamente, mesmo que não saibam exatamente o que fazer com o dinheiro, as crianças passam a desejá-lo a partir de certa idade, e essa idade dependerá essencialmente do grau de liberdade dado aos filhos. A partir de então, o dinheiro adquire uma aura de poder na vida da criança. Conseguir dinheiro, independentemente do valor, passa a significar a aquisição de poder de realizar sonhos. Presentear os filhos com um cofrinho, nesta época, é tão oportuno e excitante quanto presenteá-los com um álbum de figurinhas. As crianças entretêm-se intensamente com a emoção de completá-lo um pouquinho a cada dia. Esgotar a capacidade de um cofrinho pode ser uma experiência bastante marcante para a infância de seus filhos. Tão marcante que muitos adultos que tiveram seu cofrinho no passado mantêm o hábito até hoje, deixando de desprezar suas moedinhas.


Gustavo Cerbasi é consultor financeiro e professor da Fundação Instituto de Administração, sócio-diretor da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro e autor dos livros Dinheiro – Os segredos de quem tem e Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, ambos pela Editora Gente.

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