A repreensão mostra que o comportamento da criança foi errado e não deve repeti-lo
Ninguém discute que castigo é necessário, uma vez que faz parte do processo de educar e de orientar o que é certo e errado, de colocar limites e mostrar que todo ato tem consequência. No entanto como tudo na vida é preciso ter bom senso na hora de repreender.
Alguns especialistas preferem não usar o termo castigo, já que a palavra assusta e está associada a punições físicas como a palmatória de antigamente. Preferem trocar castigo por sanção, impedimento, consequência e responsabilização.
“A educação dos filhos é muito complexa e implica numa série de fatores. Não podemos dizer que uma coisa ou outra funciona, mas que todas elas articuladas podem dar determinado resultado. Criança precisa ser criança e, portanto, responder àquilo que diz respeito ao universo infantil.
Acredito que cabe aos pais a responsabilidade de definir horários para as atividades diárias, manter regularidade na rotina das crianças, impedir excessos, estabelecer ritmos e ritos que deem às crianças a noção dos tempos, da sequência de acontecimentos a fim de que ela saiba o que está por vir e o que lhe cabe cumprir”, afirma explica a psicóloga Danielle Cristina Wolff, CEO do CEDUC, instituição especializada na criação e gestão de creches corporativas, de São Paulo.
Segundo ela, da mesma forma, na medida em que a criança vai crescendo, cabe aos pais estabelecer suas responsabilidades no que se refere aos cuidados consigo mesmo, com seus pertences, com os objetos de uso comum dentro de casa. “Também são eles que definirão o que a criança pode ou não ter, usar e fazer. Às crianças cabem submeterem-se ao que está definido pelos adultos. Quanto menores forem menos autonomia deverão ter para decidir o que fazer e em que momento”, afirma.
Na opinião de Danielle, quando a criança fizer algo que não é devido para sua idade, para sua segurança, para a segurança dos outros, ou para a convivência em comunidade (seja a casa, a escola, o grupo de amigos do condomínio), ela deverá sofrer uma sanção que seja relativa ao que aconteceu, ou, à regra infringida. “De maneira geral, se a criança for responsabilizada por seus atos, ela entenderá que suas ações têm consequências e aprenderá ao longo da vida a 'medir' as consequências.”
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Luciane Petrocelli, mãe dos gêmeos Lucas e Tiago, escolheu o cantinho de pensar para educar os filhos
Regras e valores a partir de 7 anos
Mãe dos gêmeos Lucas e Tiago, de 2 anos e 7 meses, a educadora e radialista Luciane Petrocelli, depois de ler muito, percebeu que era melhor colocá-los para pensar do que educar com palmadas. “Eu li muito e entendi que instigar a violência está longe de ser a melhor maneira de educar. Então escolhi pelo cantinho para pensar como uma forma de fazê-los entender que todo ato tem uma consequência.”
Para Luciane, colocar os filhos no cantinho do pensar é uma alternativa para fazer eles compreenderem uma atitude ruim e mostrar exemplo de um para o outro. “Por exemplo, se eles estão vendo TV e um chega, bate no outro ou morde, aquele que aprontou vai para o cantinho pensar.” Neste momento, a educadora e radialista conversa, mostra o motivo de estar ali, orienta sobre pedir desculpa e incentiva o afeto entre eles. “Educar é um trabalho de formiguinha.”
O outro lado
A coach executiva, palestrante e empresária do ramo de educação, Ada Assis e Silva, afirma que colocar a criança para pensar no que fez no cantinho do castigo geralmente não funciona. “Uma criança não compreende o sentido moral das regras e valores de uma sociedade antes dos 7 anos. Portanto, estes minutos de isolamento no cantinho só servirá para dar alguns minutos de descanso para os pais e educadores, e não trará orientação para a criança de forma a fazer com que mude de forma verdadeira suas atitudes.”
Para ela, a criança precisa entender que pensar é algo bom, que nós faz crescer e amadurecer, e que nos permite resolver de forma criativa problemas e objeções que aparecem durante a vida. “Se ela é colocada apenas para pensar após um ato incorreto poderá associar o pensar a algo ruim.
Ela percebe que recebe sempre o mesmo castigo após qualquer situação em que errou, e portanto fica parecendo que deverá cumprir aquela 'pena' de ficar isolada, e após o castigo em que não aprendeu nada poderá voltar a agir da mesma forma”, informa.
Castigo deve ser coerente
Quando a criança entende que ela está vivendo a consequência do seu ato, o peso da palavra castigo muda. “Se a criança viver as consequências de suas atitudes, o castigo deverá ser coerente com a ação inadequada as regras e valores estabelecidos. Ela poderá desta forma internalizar valores e fazer suas escolhas de forma acertada”, afirma coach executiva, palestrante e empresária do ramo de educação, Ada Assis e Silva.
Mãe do adolescente João Octavio, de 13 anos, a advogada Karina Nabuco Porto Costa, afirma que desde os 5 anos seu filho sabe que toda ação tem uma consequência. “Sou a favor do castigo. A criança precisar saber o limite, saber o certo e o errado e quais são as suas obrigações, principalmente em relação aos estudos. Uma vez ele foi muito mal na escola, tínhamos uma viagem marcada em família, ele não foi e entendeu porque foi reprendido.”
A maneira encontrada pela família para educar o garoto, tem funcionado. “Ele já melhorou muito com relação a disciplina, o comportamento e a atenção nos estudos. “Ele já passou de ano, está um adolescente mais obediente e vamos viajar todos juntos para comemorar".
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