quinta-feira, agosto 27, 2009

O MERCADO E A MULHER EMPREENDEDORA (PARTE I)

O mercado e a mulher empreendedora (parte 1)
Rosângela Pedrosa - Gerente de projetos da Fundação Dom Cabral

Nos últimos anos, uma nova tendência vem se desenvolvendo no mundo dos negócios. Em diversos países, a sociedade está se mobilizando para estimular o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho e, em especial, seu perfil empreendedor. Tal tendência se baseia em pesquisas segundo as quais o resultado do investimento profissional em mulheres tem um excelente retorno: avalia-se que para cada dólar investido são gerados três dólares, ou seja, um investimento com retorno três vezes maior.
Além do retorno quantitativo, esses estudos apontam que a mulher tende a aplicar uma fatia expressiva do que ganha na saúde e na educação dos filhos, contribuindo para a redução da mortalidade infantil, o crescimento saudável das crianças e a elevação dos anos de permanência desses jovens na escola. Dessa forma, o impacto social, econômico e cultural decorrente da elevação da renda da mulher é maior do que o do homem, que, por sua vez, tende a focar sua renda na própria vida profissional ou na aquisição de bens de consumo pessoal.
Diante da capacidade das mulheres em gerar maior desenvolvimento socioeconômico nas comunidades em que estão inseridas, elas têm se transformado em uma alavanca fundamental para o crescimento econômico de muitos países e, em especial, daqueles em desenvolvimento. Essas constatações têm contribuído, em nível global, para maior estímulo ao desenvolvimento de mulheres empreendedoras. Na Índia, por exemplo, alguns bancos populares têm linhas de crédito exclusivas para mulheres. De acordo com estatísticas locais, 97% delas pagam seus empréstimos em dia.
No entanto, há ainda um grande entrave a ser enfrentado e superado nesse processo de valorização profissional das mulheres, já que, por questões culturais e econômicas, elas ainda levam uma grande desvantagem em relação aos homens no mercado de trabalho.
Por apresentarem, historicamente, níveis educacionais inferiores aos dos homens, menor acesso ao aprimoramento de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades para lidar com questões financeiras, as mulheres geralmente optam por negócios informais ou de porte muito pequeno (ligados à alimentação, artesanato, confecções e artigos femininos em geral), limitando, na maioria das vezes, que elas desenvolvam negócios mais competitivos, rentáveis ou com maior potencial de crescimento.
Em âmbito mundial, o resultado para essa questão indica a necessidade premente de as mulheres investirem, de forma crescente e consistente, na aquisição de conhecimentos em gestão de negócios. Esse é um caminho importante para que elas consigam, efetivamente, fazer com que seus empreendimentos cresçam de maneira mais sustentável e com maior perspectiva de sucesso.

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