O Poder do
Elogio
Por
Ernesto Berg
Um elogio, um prêmio ou um reconhecimento, feitos do modo certo,
podem funcionar como fatores de grande motivação. Certa ocasião
prestei consultoria para uma grande companhia siderúrgica, de capital
majoritariamente alemão, em Minas Gerais. Era um trabalho na área de
produtividade e desenvolvimento de sistemas gerenciais. Entrevistei
dezenas de pessoas, do topo da pirâmide hierárquica até a base
operacional. A entrevista que muito me impressionou foi a que eu tive
com um dos carvoeiros, cuja função é levar carvão para alimentar os
altos-fornos da siderúrgica. É um trabalho braçal desgastante; o
uniforme desse pessoal, que é cinza, fica literalmente preto ao final
da jornada de trabalho.
Perguntei ao carvoeiro: “No seu trabalho o que você destaca de maior
valor para você, aqui na siderúrgica?” pensando que ele fosse
enfatizar a estabilidade no emprego, ou algum aspecto de assistência
e benefícios que a empresa amplamente propiciava.
Para minha surpresa ele respondeu: “O maior momento que eu vivi até
hoje aqui na siderúrgica foi quando eu, e mais quatro companheiros,
fomos elogiados publicamente pelo presidente da empresa, perante
trezentos colegas.”
“Como foi que aconteceu?” perguntei.
“Estávamos na véspera de um feriado prolongado”, contou ele. “Tínhamos
terminado o nosso turno, e já estávamos sendo substituídos pelo
pessoal do próximo turno, quando o superintendente, aflito, veio até
nós e perguntou se poderiamos continuar a trabalhar por mais um
período de 8 horas. Havia chegado um pedido urgente de grandes
proporções e não havia como localizar os outros colegas devido ao
feriado e a siderúrgica estava sujeita a perder a encomenda. Mesmo
cansados eu e os 4 companheiros concordamos em ajudar e ficamos
carregando carvão madrugada a dentro, até todos os lingotes ficarem
prontos.”
“Como é que vocês aguentaram isso?” perguntei.
“Nem eu sei”, respondeu ele. “Estávamos exaustos e fomos para casa
dormir, dispensados do nosso próximo turno. Quando voltamos a
trabalhar, o presidente da siderúrgica (que era estrangeiro e havia
acabado de voltar de uma viagem à Alemanha) chamou a nós cinco num
salão e, perante centenas de colegas, elogiou o nosso esforço e
agradeceu enfaticamente a colaboração.”
“Como você se sentiu?”, perguntei.
“Fiquei mudo”, respondeu o carvoeiro. “Nunca imaginei isso. Foi a
primeira vez em minha vida que isso aconteceu comigo e nunca
esquecerei disso”, arrematou.
Eis um fato tocante e talvez, para muitos, inusitado, imaginando que
uma pessoa com uma função simples como a dele não se importasse com
elogios e reconhecimento, e que estaria pensando exclusivamente no
pagamento da hora-extra. Aliás, este não foi o único caso, pois, como
consultor, testemunhei vários episódios semelhantes em outras
empresas por onde passei, tendo humildes operários como exemplos de
dedicação e comprometimento.
É bom lembrar que o bem mais importante do líder é a sua habilidade
de saber motivar pessoas, porque liderar e motivar é uma questão
essencialmente humana, não técnica. Claro que o lado técnico é
importante e não pode ser relegado ao segundo plano. Contudo o que
define a figura do líder é a sua capacidade de motivar e aglutinar
pessoas e equipes em torno de um propósito significativo e fazer com
que os objetivos sejam atingidos. Por isso mesmo, nem todo chefe é
líder, porque chefe é simplesmente uma pessoa dotada de autoridade
formal, mas não necessariamente tem competência interpessoal para
comandar pessoas. Logo, o
que gestores comuns fazem tem um nome: chama-se
chefiar. Mas,
o como gestores competentes inspiram e motivam os
outros a fazerem, tem outro nome: chama-se liderar. Foi o que o
presidente da siderúrgica fez com muita habilidade.
Texto extraído e condensado do livro “O Poder da Liderança”, de Ernesto Berg, Juruá
Editora. Para maiores detalhes ou adquirir o livro acesse aqui.
Ernesto
Berg
Consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de
14 livros, especialista em desenvolvimento organizacional,
negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão,
administração de conflitos. Graduado em Administração e
Sociologia, Pós-graduado em Administração pela FVG de Brasília. Foi
executivo do Serpro em Brasília por 9 anos e consultor Senior da
Alexander Proudfoot Company de São Paulo.
Editor do site www.quebrandobarreiras.com.br ,
voltado para a área de recursos humanos, administração e negócios.
Email: berg@quebrandobarreiras.com.br
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